Corte de árvores no canteiro central da Via do Minério está relacionado a empreendimento da LOG
No canteiro central da avenida Waldir Soeiro Emrich, conhecida como Via do Minério, restou apenas os tocos das árvores que lá existiam. Nos últimos dias os cortes das plantas chamou atenção dos moradores do Barreiro. A reportagem do Barreiro Notícias apurou que os cortes estão relacionados a adequação da região para implementação do empreendimento LOG SIM – Sistema Integrado Multilogístico – a construção que acontece na área da Vallourec na lateral da Via do Minério, logo após a “estaçãozinha de ônibus” para quem segue no sentido ao bairro Betânia.
O corte de árvores traz um impacto ambiental bastante negativo para nossa região, segundo o ambientalista Felipe Gomes. “A supressão das árvores impacta o microclima da região. Quando você corta estas plantas, você gera uma ilha de calor no local em que elas foram suprimidas. Diminui-se ainda, a infiltração de água no solo e retenção das árvores. Uma árvore adulta emite água para atmosfera em forma de vapor. Ela funciona como redutor de temperatura em seu entorno, funcionando como um ar condicionado natural. Além disso, as árvores também têm a capacidade de filtrar e reter a poluição atmosférica, em uma área industrial como é a de onde elas foram cortadas, isso é muito importante”, destaca o ambientalista.
Estima-se que foram cortadas quase 5 mil árvores para a instalação do empreendimento, tanto na área em que são construídos os galpões na Vallourec quanto na parte externa, como ao longo da Via do Minério. O empreendimento da LOG SIM – Sistema Integrado Multilogístico pretende ter vários galpões comerciais, muitos deles destinados à armazenagem para vários setores do mercado, especialmente para e-commerce. Em audiências públicas a empresa defendeu que serão gerados muitos empregos na região e que todas as contrapartidas feitas pela empresa foram definidas pela Prefeitura de Belo Horizonte. “Mas será que para este progresso precisava mesmo cortar tantas árvores? Será que não tinha outra alternativa?”, questiona o ambientalista.
A prefeitura não respondeu aos questionamentos do Barreiro Notícias sobre o corte das árvores, mas em resposta a TV Record foi dito que os cortes foram autorizados pelo setor de Meio Ambiente e que outras 360 mudas serão plantadas como compensação. Desde a última terça-feira (12 de março) tentamos retorno com a prefeitura, mas infelizmente sem resposta. A prefeitura não explicou quais as compensações serão feitas pelo empreendimento também e nem quais outros impactos ambientais e logísticos vamos ter.
Ainda durante as audiências públicas foi informado que uma das compensações seriam intervenções viárias que ficarão a cargo da Log, como criação de faixas de ônibus exclusivas na Via do Minério. É possivel que as árvores tenham sido cortadas para esta mudança no trânsito.
Plantar novas mudas não é a mesma coisa, explica ambientalista
Felipe Gomes destaca que o plantio de novas árvores não compensa as que foram arrancadas. “Quando você corta uma árvore de 30, 40 ou 50 anos e replanta 20, 30 mudas no local, vocês está replantando como se fosse um galho e para ele virar uma árvore com a capacidade de influenciar no microclima, na retenção de água, na retenção de poluição atmosférica vão demorar de 20 a 30 anos, não é a mesma coisa”, explica o ambientalista.
Ainda de acordo com ele, muitas vezes estas mudas plantadas não são acompanhadas e morrem sem chegar à idade adulta por causa de falta de acompanhamento no crescimento ou vandalismo, por exemplo.
Além disso, o ambientalista explica que as árvores funcionam como remanescentes florestais dentro das cidade, papeis que as mudas não vão cumprir. “As árvores são corredores para a fauna da região que utilizam dela como refúgio, seja para habitação ou trânsito nas cidades”, exemplifica.
Corte de árvores também pode impactar inundações na região
O ambientalista também explicou que as árvores da região podem fazer falta na questão da retenção da água da chuva e evitar o impacto das enchentes. “Você tem a questão da retenção das águas de chuva para evitar o impacto das enchentes, quanto mais você impermeabiliza o solo, mais você faz com que essa água que cai ali, ela drene e ali está próximo da avenida Teresa Cristina, uma área que tem problemas de inundação”, conclui.